sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O cristão e a justiça com as próprias mãos

Tenho visto um aumento das discussões nas redes sociais sobre esquerda, direita, justiça, dignidade humana, etc. E tenho observado posicionamentos de cristãos sobre acontecimentos recentes na sociedade, principalmente o mais recente do menor delinquente que foi amarrado nu à um poste no Rio de Janeiro por um grupo de pessoas conhecidos na região por fazerem justiça com as próprias mãos.


Uma parte dos cristãos (pelo menos a que tem se manifestado) se diz a favor deste tipo de ato por ser uma forma de garantir a proteção dos cidadãos "de bem" e dar uma lição à um infrator, já que o aparelho do Estado que deveria fazer isso não cumpre muito bem suas funções (há diversas possíveis razões para isso, mas não entrarei na questão). Estes são os também considerados conservadores de direita. 

E um exemplo disso está no seguinte vídeo com a opinião da controversa jornalista Rachel Sheherazade, alegadamente cristã, sobre o acontecimento:


No vídeo ela diz que, mediante à situação da segurança pública do país, um ato como este dos justiceiros é justificável e compreensível. E observando a repercussão desta opinião e os comentários sobre, podemos ver que muitos cristãos estão concordando e a apoiando com falas como "me representa".

Na contrapartida estão se manifestando os esquerdistas, em geral defensores dos Direitos Humanos, argumentando que o que aconteceu com o garoto foi outro crime. Que não cabe à população fazer justiça com as próprias mãos, pois já temos instituições responsáveis por isso. Que este tipo de atitude apenas vai gerar mais violência da parte do garoto e de seu grupo.

O problema do conservadorismo cristão diante da justiça com as próprias mãos


A concordância e o apoio de alguns cristãos que, geralmente influenciados pelo pensamentos conservadores e de seus exponentes, se comportam em favor da humilhação do ser humano caso ele "mereça" e da justiça aplicada com as próprias mãos pode afastá-los de algumas das principais mensagens do evangelho: a dignidade humana, o amor ao próximo e a ponte para salvação.

Dignidade humana

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1:26-27
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, e ainda que não tenha sido na totalidade de seus atributos, somos seres de maior dignidade do que o restante da criação. Além de maior dignidade, diferentemente do restante da criação, fomos criados diretamente, pela mão de Deus, enquanto os outros seres foram criados pela Palavra. E por esta criação especial e com propósitos, Deus nos abençoou com honras e glórias, ainda que maculados pelo efeito do pecado Ele tem um relacionamento especial, em relação ao restante da criação, com todos os seres humanos.
Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste,
pergunto: Que é o homem, para que com ele te importes? E o filho do homem, para que com ele te preocupes?
Tu o fizeste um pouco menor do que os seres celestiais e o coroaste de glória e de honra. Salmos 8:3-5

Amor ao próximo


O ensinamento de amor ao próximo que Jesus Cristo deixou é muito conhecido, mas mal interpretado pela sociedade, que cobra que os cristãos sigam este ensino. Porém, as pessoas que nos fazem esta cobrança querem apenas o que convém quando nos pedem para imitar a Cristo. Querem que o sigamos e acolhamos os pecadores, mas não querem que façamos o que Jesus fazia em seguida orientando o caminho correto, como no caso da mulher adúltera.
Então Jesus pôs-se de pé e perguntou-lhe: "Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou? "
"Ninguém, Senhor", disse ela. Declarou Jesus: "Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado". João 8:10-11
Um dos problemas que vejo nos cristãos que apoiam justiça com as próprias mãos e demonstram até um certo prazer nestas situações me faz lembrar a parábola do bom samaritano.
Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: "Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna? "
"O que está escrito na Lei? ", respondeu Jesus. "Como você a lê? "
Ele respondeu: " ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’".
Disse Jesus: "Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá".
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: "E quem é o meu próximo? "
Em resposta, disse Jesus: "Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.
Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado.
E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado.
Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele.
Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele.
No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’.
"Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes? "
"Aquele que teve misericórdia dele", respondeu o perito na lei. Jesus lhe disse: "Vá e faça o mesmo". Lucas 10:25-37
Temo que quando cristãos estão achando justa a punição com as próprias mãos, eles estão se parecendo mais com o levita e com o sacerdote que, vendo o homem, passaram pelo outro lado, do que com o samaritano, que foi o próximo e amou o caído como a si mesmo. Estes homens que são amarrados em postes, são espancados nas ruas e marginalizados devem sim sofrer as consequências pelos seus atos, mas quem deve aplicá-los, salvo a legítima defesa, é o Estado, que é o elemento constituído para punir, como reconheceu Jesus, que apesar de inocente, quando condenado como criminoso reconheceu que era o governador Pilatos quem havia sido constituído para aplicar a punição.
"Você se nega a falar comigo? ", disse Pilatos. "Não sabe que eu tenho autoridade para libertá-lo e para crucificá-lo? "
Jesus respondeu: "Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima." João 19:10-11a
Nossa mensagem de amor ao próximo não é apenas um ato social benevolente, um acolhimento cego ou algo romântico e raso. Nossa mensagem de amor é uma ordenança deixada por Jesus Cristo. É a luz para o mundo. É como o mundo nos verá e saberá que estamos com o Pai. Nosso comportamento é observado pelo mundo para que brilhe não de forma hipócrita e legalista, mas como um fruto verdadeiro do nosso relacionamento com o Pai diante dos homens. Opiniões como a destes que defendem a humilhação e a justiça com as próprias mãos podem ser um desserviço ao evangelho diante dos homens.
Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus". Mateus 5:16

Porta para salvação


Temo também, e com mais tristeza, que quando estamos apoiando e nos alegrando com atos de indignidade humana, de justiça com as próprias mãos, falta de compaixão e amor, estamos nos impedindo de abençoar estes criminosos e marginalizados que diante de Deus são tão pecadores e carecedores da graça de Deus quanto nós. Sendo assim, qualquer tipo de justiça com as próprias mãos deve nos ser injustificável, incompreensível e inaceitável. 

Diante de um mundo com tanta maldade e injustiça sendo feitas, temos que nos atentar para não sermos mais um dos propagadores e aplicadores destes males. Temos que tomar muito cuidado para, quando soubermos de algum desses marginais ou criminosos sendo "justiçados", olharmos para eles como antes disso tudo, pecadores. Criminosos merecem punição, e esta aplicada pelo Estado. Mas pecadores carecem da graça de Deus, a qual nós somos canais.

Concluindo, deixo esta passagem do momento da crucificação de Cristo. Que isso mexa com o coração de vocês como mexeu com o meu. E que tenhamos cuidado para não impedirmos a nós mesmos de levar a mensagem de salvação à toda criatura.
Dois outros homens, ambos criminosos, também foram levados com ele, para serem executados.
Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram com os criminosos, um à sua direita e o outro à sua esquerda.
Jesus disse: "Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo". Então eles dividiram as roupas dele, tirando sortes.
O povo ficou observando, e as autoridades o ridicularizavam. "Salvou os outros", diziam; "salve-se a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o Escolhido".
Os soldados, aproximando-se, também zombavam dele. Oferecendo-lhe vinagre,
diziam: "Se você é o rei dos judeus, salve-se a si mesmo".
Havia uma inscrição acima dele, que dizia: ESTE É O REI DOS JUDEUS.
Um dos criminosos que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: "Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós! "
Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: "Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença?
Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem.
Mas este homem não cometeu nenhum mal".
Então ele disse: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino".
Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso". Lucas 23:32-43
À Deus toda a glória!

Nota: Direita, esquerda, mal e bem

Em características gerais, e ainda que eu não goste muito de rótulos, é possível se fazer uma breve análise sobre os dois grupos que reagem à questões políticas e sociais: a direita e a esquerda.

Boa parte dos cristãos são os considerados conservadores de direita, que tem como características gerais serem contrários à um tipo de política de controle estatal, inúmeros benefícios sociais, são a favor da livre iniciativa, da ação do indivíduo como agente de mudanças na própria condição e na sociedade, preservador da instituição familiar e que se posicionam contra algumas questões ditas progressistas como liberação de drogas, direitos a homossexuais, entre diversas outras.

Na contrapartida estão se manifestando os esquerdistas. Este grupo é em geral a favor de um Estado mais presente na sociedade como órgão de controle, legislador e distribuidor de recursos, promovendo igualdade de gêneros, raças e classes sociais. Há uma visão, em suma, humanista da realidade, derivada dos pensamentos do maior criador de sua ideologia: Karl Marx.

Basicamente a diferença entre os dois, quando esta não está nos valores morais e éticos de cada um, está sua opinião sobre o nível de atuação do Estado na vida da sociedade e sua influência na vida das pessoas.

Sob o ponto de vista cristão os conservadores e os "esquerdistas" nunca se entenderão por um motivo que creio ser o principal: a perspectiva da realidade humana.

Para os cristãos, grande parte dos conservadores, somos uma raça manchada e enraizadamente influenciada pelo pecado, que para os cristãos não é apenas uma conduta social inadequada, mas uma condição natural humana que, sem a intervenção divina (direta ou indireta, pela Bíblia), não pode praticar nada de bom, observando através desta perspectivas os erros e acertos da humanidade como cumprimento ou não cumprimento dos valores divinos. E diante da ação e entendimento destes valores divinos, promover o bem é vivê-los e transmití-los a outros seres humanos.

Já para os esquerdistas, que tem uma visão em geral humanista da realidade, o homem é gerador de valores, capaz de, diante de melhores condições sociais, econômicas e educacionais, escolher praticar o bem ou o mal, e diante de condições ideais para a escolha do bem, propagá-lo.

Os embate entre as duas posições sempre se dará principalmente por estas razões e pelo seu efeito em suas cosmovisões. Os direitistas nunca aceitarão a posição dos esquerdistas pois sabem que do homem só pode vir o mal, devido ao efeito do pecado, e que a atuação dos indivíduos somente pode ser boa diante da interferência de Deus, e tem à seu favor os exemplos de que o mal não deixou de existir e nem de ser praticado em sociedades praticamente "livres" de influências cristãs, onde apesar das condições sociais, educacionais e econômicas equilibradas, ainda há crimes, assassinatos, roubos, etc. Enquanto os esquerdistas utilizam à seu favor o fato de que sociedades cristãs, e que até tinham sua religião como aparelho do Estado ou crença oficial e geral da sociedade, não tiveram boa conduta e também houve desigualdade, crimes, violência, às vezes até sob a interpretação (errada) de que eram da vontade de Deus à luz da Bíblia.

Vemos que o mal é presente e está na essência do homem, com apenas uma diferença entre as duas posições, que é a de que os cristãos tem uma explicação extremamente razoável e consistente para este mal: o pecado. E diante esta perspectiva, não podem confiar plenamente em algum tipo de governo que, mesmo corretamente desvinculado do cristianismo, o proíba, interfira ou queria se afastar totalmente de seus valores, como querem os governos de esquerda quanto mais alcançam poder.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Nota: Sobre igrejas e argumentos de desigrejados

-- Caro Ramon, você considera as cartas dos apóstolos do novo testamento como inspiradas?
-- Amigo eu considero o que saiu da boca de Jesus e está relatado. Discussões sobre documentos secretos da Ig, Católica e essas coisas eu ainda não sei nada a respeito... Pq a pergunta?
Perguntei porque eu creio na inspiração das cartas e na soberania de Deus para preservar o cânon como o temos. Não sei os motivos de você não acreditar, ou não buscar conhecer. Já que as fontes das cartas e dos evangelhos são praticamente as mesmas. E sendo assim nossa discussão fica prejudicada, pois não temos as mesmas bases, mas vou tentar argumentar contigo.

Jesus Cristo ordenou a congregação (não os templos ou instituições, obviamente, essas são apenas formas organizadas, mas válida, de congregação). E muita gente, não sei se é o seu caso, desconsidera a igreja e passa a encontrar meios de rejeitá-la por experiências ruins. Posso falar por mim, eu faço parte de uma igreja que não é perfeita, mas tem projetos com drogados, em bairros pobres e trabalhos missionários, onde direciona seu dinheiro. Todo mês todos os membros recebem um relatório de onde foi cada real gasto.
As cartas apostólicas nada mais são que direcionamentos inspirados e alinhados a todo o restante da Escritura para orientar essa igreja, ordenada por Cristo. Inclusive o pastoreio foi orientado por Cristo. Os pastores recebem pois o trabalhador é digno de seu salário, mesmo assim devem receber para se manter, e não enriquecer.

Agora, pegar os péssimos exemplos que realmente existem de igreja, generalizar e desacreditá-la, eu acho um tanto injusto meu caro. Imagino que o amigo conheça os evangelhos, então não vou citar os textos, mas caso queira eu os cito.

No amor de Cristo!

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Natal: uma data para celebrar a paz e o amor!

Muitas pessoas desfrutam do Natal e o entendem como uma data em que se deve tratar a todos com amor, ser pacíficadores, restaurar relacionamentos, distribuir perdão, fazer uma auto-análise de como foi ano, dos acontecimentos, o que deve ser repensado, modificado, melhorado, etc.

Estes atributos estão relacionados ao Natal por ele ser a data comemorativa cristã do nascimento de Jesus Cristo, e estes atributos estão ligados a Ele. Boa parte das pessoas transmitem estas características, às vezes até as desligando da pessoa a quem se refere, por ter na cabeça a imagem de um cristianismo que se parece mais com uma caricatura de filantropia do que algo a ser vivido e conhecido profundamente, distorcendo o sentido real da ligação dos "atributos natalinos" com Jesus Cristo.

Há um pano de fundo real onde estes atributos só fazem sentido quando são aplicados a e relacionados a Cristo e ao propósito de sua vinda.

Falamos em amor no Natal, porque a vinda de Cristo foi uma manifestação do amor de Deus:
Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele.1 João 4:9
E este amor foi manifestado para sanar uma realidade: a do pecado, e para pagar por eles morrendo no nosso lugar.
Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.1 João 4:10 
Aí sim chegamos ao ponto do verdadeiro sentido do amor que deve ser compartilhado entre nós, não só no Natal:
Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros.1 João 4:11 
No Natal também falamos em paz, reconciliação, analisamos nossa vida e tentamos tirar lições boas do que passou por um motivo: Cristo nos dá paz com Deus, reconciliando nosso relacionamento com Ele, e nos dá lições nas nossas caminhadas onde aprendemos tanto com as coisas ruins, quanto com as boas que acontecem.
Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo,Romanos 5:1

Os "atributos natalinos" paz e amor, nada mais são do que reflexos, não de caricaturas, mas de verdades, que quando conhecidas, nos possibilitam comemorar muito mais o Natal, sabendo verdadeiramente que grande amor nos atingiu, e a grande reconciliação que obtivemos pela vinda, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Feliz Natal!

Também no blog Bereianos.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Nota: O Deus de todas as religiões é o mesmo? Amar o próximo?

Sobre uma possível frase do Papa Francisco de que todas as religiões demonstram algo de Deus, e consequentemente, levam a conhecê-lo. Vemos por aí também como acusação, geralmente de pessoas que não acreditam em Deus, o argumento de que o maior mandamento aos cristãos é amar uns aos outros, e que não o cumprimos.

Na verdade há uma ordem de importância, dita por Jesus mesmo:

"Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
Este é o primeiro e grande mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." - Mateus 22:36-40

O primeiro é mais importante que o segundo, e quando ele fala isso está refletindo o trecho do antigo testamento que diz:

"Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças." - Deuteronômio 6:4-5

A crença no Deus bíblico auto-exclui logicamente a existência e a crença em outros, e quem diz ser cristão e aceita a existência de outros deuses como possível está sendo ou ignorante à bíblia por não a conhecer, que é o caso de muitos, ou está de má vontade mesmo. E cumprir o primeiro mandamento grande mandamento é isso. Se eu tenho que amar a Deus de todo o coração, alma e entendimento, este Deus é o bíblico e único. O que significa que eu só posso conhecer este Deus onde está escrito que ele é o único e verdadeiro, na Bíblia, ou seja, não dá para conhecer a Deus através do Islã, Hindu e tudo mais, apesar destas religiões conterem traços parecidos, o mais importante não está aí: o próprio Deus.

Já o cumprimento do segundo grande mandamento, o de amar o próximo, significa que o cristão tem que amar sim a gays, muçulmanos, budistas, etc. O pessoal gosta de citar que Jesus acolheu ladrões, prostitutas, etc, mas não gosta de lembrar (talvez por não saber) o que ele falava para estas pessoas, como no caso da adúltera: "eles te condenam mas eu não te condeno, vá e não peques mais". O que é mal executado claramente por boa parte dos cristãos, sejam padres ou pastores, que estão em evidência na sociedade e tem mais discursos de ódio que de paz. Que dizem "vá e não peques mais", mas não dizem "eu não te condeno". Que confundem julgamento moral das ações com condenação. Amar é não condenar, mas não só isso, é instruir o que se deve fazer, o que é correto e agrada a Deus, e essa parte realmente não fará muito sucesso por aí. Querem que sigamos a Jesus, mas só em partes.

domingo, 3 de novembro de 2013

Jesus: um homem de muita fé?

Ontem na novela Amor à Vida teve uma cena de culto evangélico onde uma personagem se converteu, achei que não teve nada apelativo ou desrespeitoso, visto a época em que estamos.

Mas uma coisa me chamou atenção, num daqueles momentos onde não se sabe a atitude é por ignorância ou proposital.

O pastor está falando sobre a multiplicação dos pães, realizada por Cristo, e diz que ele conseguiu fazer isso por ter muita fé.

Pois eu digo porquê ele conseguiu fazer aquilo, aliás, Jesus mesmo diz:

"Jesus, aproximando-se, disse-lhes: Foi-me dado todo o poder no céu e na terra."
Mateus 28:18

Há algumas linhas que conheço que podem ter originado um comentário deste partindo do roteirista da novela:

1 - Ignorância

2 - Jesus Cristo foi uma das grandes almas iluminadas por um ser divino que já pisou neste planeta.

3 - Jesus foi um grande homem que deve ser seguido e apenas isso.

Para a primeira opção não há muito o que se falar, né.
Já a segunda e terceira são clássicas por aí, mas elas mesmas não se firmam. Afinal, o mesmo que eles consideram uma grande alma, ou um homem muito sábio disse:

"Eu sou o caminho e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim."
João 14:6

As pessoas que pensam nestas últimas linhas (e não são poucas), devem rejeitar logicamente que Jesus tenha sido algo iluminado, ou o ser humano mais sábio que pisou na Terra. Afinal, qualquer ser humano que afirme isso é um maluco lunático.

Nenhum ser em sã consciência, tenha a crença ou descrença que tiver, pode negar a sabedoria vivida e ditada por Jesus. Mas se dizemos que ele foi tão sábio, temos que assumir que tudo o que ele disse foi verdade. Se somente parte do que ele disse tenha sido verdade, já anularia ou tornaria questionável o todo. Logo, tudo o que Jesus Cristo disse foi verdade. E ele é quem disse ser. O filho de Deus. O caminho, a verdade e a vida. O um com o Pai.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Pastores são ovelhas e o rebanho é de Deus!

Estava lendo esta notícia sobre uma pastora americana que pediu para que só brancos ficassem na recepção, dizendo que "a primeira impressão é a que fica". Infeliz, ninguém discute.

O que me chamou a atenção foi a introdução do texto, que diz o seguinte:
"Geralmente, as igrejas estão de braços abertos para aumentar o seu rebanho..."
Não sei se é uma argumentação inocente, se é ignorância ou uma cutucada sutil.

É interessante a visão geral que a sociedade tem das igrejas evangélicas hoje (que é compartilhada as vezes, infelizmente, até dentro delas) de grandes corporações e sociedades quase comerciais que tem um grande líder que é uma autoridade máxima, um ser super-poderoso, mágico, semi-celestial, que é o representante da igreja diante do mundo: o Pastor. E este rebanho é composto por ovelhinhas que seguem este líder nesta igreja. Isto é o que imagino que vem a cabeça de alguém que pensa ou diz que as "igrejas estão de braços abertos para aumentar o seu rebanho", e uma coisa é certa: esta afirmação não é verdadeira, mas compreensível quando dita por alguém que não conhece o significado real cristão (bíblico) e vê como se comportam algumas igrejas atualmente.

Somos rebanho de quem?

Em seu significado semântico concluímos sim que "pastor" é quem guia as ovelhas, cuida, defende e as deixa tranquilas. E esta foi a melhor figura encontrada na época em que a Bíblia foi escrita para representar o relacionamento dos cristãos não com homens, mas com Deus. Então somos sim rebanho. Mas de quem? Jesus!
Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas; e elas me conhecem; assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. João 10:14-16
Mas e os nossos pastores das igrejas?

A Bíblia também diz que temos homens como pastores:
E ele (Deus) designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. Efésios 4:11-13
Vemos neste texto que Deus chamou vários tipos de pessoas para várias e distintas tarefas. E que a finalidade destes chamados é a edificação e preparação dos próprios cristãos. Neste sentido, os pastores são pessoas que orientam e ensinam os fiéis, mas que em nenhum momento são maiores que eles. Creio que o maior exemplo que temos de verdadeiro pastor é o de quem escreveu este texto, o apóstolo Paulo. Mas como foi a vida deste pastor? Glamour? Televisão? Prosperidade financeira? Orgulho pela posição? O que ele pensava sobre pessoas que se julgam superiores ou que até colocam outros como superiores?

Paulo fala que não devemos nos considerar diferentes, superiores ou inferiores, a qualquer outra pessoa, ainda que tenham certo "destaque" para fazer a obra de Deus:
Irmãos, apliquei essas coisas a mim e a Apolo por amor a vocês, para que aprendam de nós o que significa: "Não ultrapassem o que está escrito". Assim, ninguém se orgulhe a favor de um homem em detrimento de outro. Pois, quem torna você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse? 1 Coríntios 4:6-7
Ele também fala de uma situação pela qual passou, que assustaria muitos pastores por aí, e mostra que não explorou nenhuma das igrejas que ele fundou na época para ficar rico ou se promover socialmente:
Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo. Não estou tentando envergonhá-los ao escrever estas coisas, mas procuro adverti-los, como a meus filhos amados. 1 Coríntios 4:11-14
E nos deixou um ensino sobre como nos tratarmos, independente da nossa posição, totalmente alinhado com a mensagem de Jesus Cristo:
Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Filipenses 2:3
Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si própriosFilipenses 2:10
Não somos rebanhos de igreja, somos rebanho de Deus! O nosso pastor é Cristo, que nos guia, ensina, acalma, cuida e ama. Mas Deus, na terra, chamou pessoas, que também são ovelhas de Cristo, não para serem sacerdotes, pois o único intermediário entre nós e Deus é Cristo, mas guias e mestres, importantes para Deus como qualquer outro cristão, e sem considerá-los superiores a ninguém. Eles devem sim ser sustentados e agraciados pelas igrejas em que dedicam a vida, mas não enriquecidos.

O que vemos hoje se chamando de pastores evangélicos em geral são aberrações. Mas há os que são verdadeiros mestres e guias do rebanho de Deus, homens humildes, sinceros e honestos, que tem como função principal e propósito de vida ajudar as pessoas a fazer o que eles mesmo fazem, seguir ao seu pastor: Jesus Cristo.